A cena é clássica: o despertador toca e, debaixo das cobertas, no quarto quentinho, você pensa ‘‘hoje não vou à academia’’. O inverno começou oficialmente na última sexta-feira, mas as baixas temperaturas registradas nas últimas semanas já estão afastando as pessoas da prática esportiva. O frio, no entanto, não deve ser motivo para parar: alguns cuidados com aquecimento, roupas e alimentação garantem o conforto e a segurança para continuar se exercitando, mesmo no inverno.
Um dos maiores cuidados, segundo o educador físico Denilson de Castro Teixeira, professor da Universidade Norte do Paraná (Unopar), é dedicar mais tempo ao aquecimento. ‘‘O indivíduo não deve parar, mesmo em climas mais frios. O que é preciso é se proteger’’.
Teixeira explica que, no frio, o organismo tende a deixar a musculatura mais contraída para manter o aquecimento corporal, que deve permanecer em torno de 37 graus. Por isso, para preparar a musculatura para se exercitar é preciso um aquecimento ‘‘mais adequado e mais cuidadoso’’.
Sem aquecimento, e com os músculos rígidos, há mais risco de lesões osteomusculares, causadas por movimentos bruscos, ‘‘principalmente lesões de rompimento de tendão e distensão muscular’’. O recomendado, segundo ele, é um aquecimento em torno de 15 a 20 minutos, com exercícios de alongamento e trotes leves, para elevar o calor corporal. Para o idoso, que tem mais risco de lesão, o aquecimento deve ser ainda com mais cuidado e por mais tempo, principalmente se é uma pessoa que não se exercitou ao longo da vida e tem musculatura e articulações menos preparadas.
Uma das alternativas para os dias de frio intenso, segundo Teixeira, é praticar o exercício em locais mais protegidos, como uma academia ou mesmo em casa. Outra opção é trocar o horário da manhã para a tarde, por exemplo.
A roupa mais adequada, lembra ele, é proporcional ao frio, sem ser extremamente pesada de modo que limite os movimentos, e que possa ser retirada, conforme aumenta o calor corporal. ‘‘Um aspecto muito importante é manter a cabeça protegida em dias de frio muito intenso, porque em torno de 30% da perda de calor corporal é através da cabeça’’, ressalta, lembrando que meias e luvas também são bem-vindas para proteger as extremidades.
Segundo o pneumologista Denison Noronha Freire, de Londrina, no inverno é aconselhável evitar mudanças bruscas de temperatura, ‘‘evitando principalmente se expor com o corpo quente e suado a temperaturas baixas e ventos frios’’. Ele explica que tanto o vento frio e seco, como a variação brusca de temperatura, são fatores que predispõe a infecções de vias aéreas, como gripes, resfriados e sinusites, por alterarem o sistema imunológico. ‘‘A complicação que pode ocorrer é a pneumonia pós gripe ou sinusite, no indivíduo mas suscetível’’, alerta.
Mesmo as crises de rinite e sinusite ‘‘não são fatores obrigatoriamente proibitivos de atividade física’’, segundo o pneumologista. ‘‘O importante é dosar o grau dos sintomas com o tipo de exercícios. Se a pessoa estiver indisposta, o melhor é repousar. Porém, se estiver bem disposta, a atividade física leve a moderada não irá prejudicar’’, ensina Freire.
Outro dos incômodos do frio é a agressão à pele causada pelo vento, que pode ser contornado com uso de hidratantes e protetor solar.
No frio, ressalta Teixeira, a ingestão de água deve ser normal, antes, durante e depois do exercício, ‘‘mesmo que a pessoa sinta menos necessidade’’. Outra dica é manter a alimentação balanceada, como em qualquer época do ano, com a ingestão de fibras e evitando excesso de gorduras. ‘‘No frio, o corpo precisa de mais energia para manter o equilíbrio térmico. O problema acontece com os excessos’’, lembra.
UNOPAR
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