João Arruda*
Em tempos de gripe suína voltada aos procedimentos médicos e clínicos, mas principalmente na série de prevenções que deve ser tomada por todos nós para evitar o contágio e comportamentos de risco quanto ao vírus H1N1, nos leva a refletir sobre o esforço de construir um modelo de atenção à saúde que priorize ações de melhoria de qualidade de vida da população.
Essa é uma necessidade que vai além da ampliação das estruturas e condições de atendimento das unidades de saúde – hospitais, postos, clínicas, centros – e requer foco na promoção da saúde com informação e educação. E, notadamente, com ênfase na promoção de atividade física, de hábitos saudáveis de alimentação e de vida, do controle do tabagismo e do uso abusivo de bebida alcoólica, e de cuidados especiais voltados ao processo de envelhecimento.
De antemão, deve-se destacar o quão importante é a atenção à saúde básica e que no Paraná significa mais de R$ 2 bilhões em investimentos em 2009 – 300% a mais dos R$ 415 milhões investidos em 2002 e que representavam 9% do orçamento do Governo do Estado. Hoje, cumprimos os 12% constitucionais, o que representam, por exemplo, mais 34 hospitais e 350 centros de saúde da mulher e da criança por todo o Estado.
Já a promoção da saúde, no meu entender, o desafio é maior porque consiste em ações transversais, integradas e intersetoriais entre os diversos setores de governos e que envolve ainda a iniciativa privada, entidades e organizações não governamentais, sociedade civil. No mundo moderno de hoje, urge e é necessário compor redes de compromisso e co-responsabilidade quanto à qualidade de vida em que todos sejam partícipes no cuidado com a saúde. Esse é o nosso principal desafio.
Nessa questão, o Paraná também avança e se tornou referência no país. Ao destinar mais de R$ 1 bilhão, somente em 2009, no tratamento de água e esgoto, diminui, por exemplo, as filas nos postos de saúde e hospitais. É comum dizer, e deve ser repetido à exaustão, que o gasto em saneamento é notoriamente reconhecido pelo seu poder de ação preventiva em saúde. Água tratada é como vacina. Dados da Organização Mundial da Saúde mostram que para cada R$ 1,00 aplicado em saneamento básico são economizados R$ 4,00 em despesas hospitalares. Hoje, a cobertura de água tratada chega a mais de 90% da população do Estado e esgoto coletado e tratado atinge percentuais de 50%, 60, 70% nas cidades paranaenses – o que equivale à padrões de primeiro mundo.
Investimentos na pavimentação, outro exemplo, podem reduzir consideravelmente as doenças respiratórias provocadas pela poeira e pelo pó. Além disso, geram economia de água, energia elétrica, produtos de limpezas e de outros serviços, prolongam a vida útil de bens materiais e equipamentos. É quase que imensurável medir a felicidade e bem estar de uma família que passa a ter sua rua pavimentada, com rede elétrica, com água e esgoto tratados. Vale lembrar ainda que energia elétrica – onde o Paraná tem a menor tarifa do país – é mais um serviço público que, além do bem estar e conforto, reduz outra série de doenças provocadas pela falta de conservação dos alimentos e pela falta de aquecimento de água no inverno.
Outra referência está nas áreas de educação e esportes. As atividades de verão, jogos colegiais, por exemplo, são atividades que incentivam o bem estar físico e a boa disciplina do corpo e por, doravante, evitam os riscos de doenças. A prática de esportes é mais do que recomendável para a manutenção de uma vida relativamente saudável. É importante praticar atividade física regular desde a infância – o que é incentivado nas escolas estaduais do Paraná, nos jogos escolares nos seus mais diversos níveis e na temporada de verão com as atividades nas praias e nos balneários paranaenses.
Ao tratar dessa questão, com todos esses exemplos, quero ainda destacar a importância da ampliação dos recursos federais, estaduais e municipais, nas ações de transversalidade entre os vários setores que compõem os governos. Ressalte-se ainda que a promoção da saúde exige a participação ativa de todos – usuários, movimentos sociais, trabalhadores da saúde, gestores – na análise e na formulação de ações que visem à melhoria da qualidade de vida. Toda essa discussão deve ser levada no parlamento brasileiro.
E nesse sentido, o combate à gripe suína é mais do que um exemplo para ficarmos mais atentos aos cuidados básicos em todas as situações do cotidiano. Lavar as mãos frequentemente, usar máscaras, evitar as aglomerações são precauções comuns para qualquer gripe ou resfriado. Promoção de saúde é isso: informação e educação aliadas aos hábitos saudáveis de vida.
João Arruda, 33 anos, é fisiologista do esporte e secretário-geral do PMDB do Paraná
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